segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A ultima carta

Eu queria saber como começar uma carta. Talvez tenha perdido a capacidade de filosofar ou fazer metáforas, coisas que certamente eu fazia bem. Mas tomo nota em um papel palavras que espero que sejam , não as últimas, senão que sejam livres pra voarem e causarem efeito em quem quer que seja.
Nossa amizade era muito louca, irreal. Eu era sua motivação e você meu diario de bordo. Nós passavamos o dia rindo ou falando, compartilhando coisas do cotidiano sem preocupações ou responsabilidades. Nosso compromisso era com o desafio de manter nossa amizade. Falar nem sempre foi uma habilidade sua, mas você sempre foi um bom ouvinte. Confesso que te vi aprender a compartilhar, como se vê um bebe aprendendo a dar seus passos. Seu coração amargurado e fechado se abriu e eu vi que o poço no deserto poderia ter agua (ainda) e sabia o trabalho que ia me dar provar dessa água. Foram anos de esta amizade diferente, distante, real, confusa, que com o tempo, recebia meus passos, minhas palavras, minha dedicação, meus esforços, meu interesse em fazer com que entendesse o valor da nossa amizade. Você era o que fazia falta no dia dia. Mas os nossos "meus" eram diferentes. Enquanto seguia em tua direção ou te atraía, você mergulhou em você mesmo. Em busca da sua identidade, das suas prioridades, seu futuro, sua "espiritualidade" e você se afundou em você mesmo. Eu esperava que você se desse conta que para seguir progredindo era necessario sair e não se fechar. Que era necessario ousar algo novo, renovar o entendimento, mas você se limitou ao : sou dono da razão, eu que sei o que é melhor. E isso só fez meu coraçao ver você se distanciar. E me tornei brigona. Te dava flores, você as podava. Te dava fogo e você me jogava água, te cantava uma música e você só silencio e então... me cansei. Guardei meus pensamentos, ideias e projetos. Deixei de compartilhar porque isso não significava nada pra você e comecei a parecer boba, como uma criança que mostra suas descobertas e ninguem da atenção. Você mudou. E não foi pra melhor. E o mais triste não foi perder sua amizade, mas ver você se afogar em seu "EU". Ouviu meus aplausos e saiu. Ouviu minhas criticas e silenciou. Só Deus pra decifrar você e tratar com suas complexidades. E não sei seu seu EU da espaço pra ele agir. Não há mais nada que eu possa fazer. Eu fiz muito e as consequencias foram dolorosas. Melhor deixo de inspirarte e me despido. Obrigada pelo que você, em algum momento, foi pra mim : um grande amigo. Espero que se encontre.
Abraço
Tilim

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